Projeto prevê estágio de seis meses para jovens após qualificação

Maurício Trindade: objetivo é facilitar a entrada ou reingresso do jovem no mercado de trabalho

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6044/09, do deputado Maurício Trindade (PR-BA), que garante, por meio de convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego, estágio de seis meses a jovens trabalhadores após a conclusão de curso profissionalizante do Projovem Trabalhador.

A proposta acrescenta dispositivo à Lei 11.692/08, que instituiu o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). O Projovem Trabalhador é uma das quatro modalidades do programa. Tem o objetivo de preparar o jovem para o mercado de trabalho em ocupações alternativas geradoras de renda, por meio da qualificação social e profissional. Atende pessoas entre 18 e 29 anos de idade que estejam desempregadas e sejam integrantes de famílias com renda mensal per capita de até um salário mínimo.

Segundo o deputado, o jovem trabalhador, ao concluir o curso, já se encontra qualificado, mas, na maioria dos casos, não consegue uma vaga no mercado de trabalho. Trindade lembra que muitos deles não sabem sequer onde procurar trabalho, e a demora para colocar em prática o que aprendeu pode prejudicar o conhecimento técnico adquirido nos cursos.

Atividade prática
O estágio, de acordo com o projeto, poderá ser oferecido em instituições públicas ou privadas e deverá servir para consolidar e ampliar os conhecimentos adquiridos pelos jovens.

Segundo o deputado, o Projovem tem obtido sucesso na transferência de conhecimento técnico, mas falha pela falta do complemento do processo de aprendizagem com a oferta da prática no ambiente de trabalho.

Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Trabalho, de Administração e de Serviço Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Países sul-americanos discutem juventude e trabalho decente

Representantes governamentais e de órgãos da sociedade civil que trabalham com políticas inclusivas para a juventude da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai estão reunidos em Brasília para a oficina técnica cujo tema é Trabalho Decente e Juventude. Durante os dias 19 e 20, os participantes estarão trocando experiências bem sucedidas sobre a temática da inclusão do jovem no mercado de trabalho, um problema mundial.

O assessor da Secretaria Nacional de Juventude, Carlos Odas ressaltou a importância do encontro no seu objetivo de buscar uma agenda em comum entre os países sul-americanos para tratar a questão das políticas públicas voltadas para a juventude. “É uma ótima oportunidade, dada a diversidade dos participantes, para trocarmos experiências e buscarmos apontamentos que levem a construção de um roteiro de ações que ajudem os governos a priorizarem o tema juventude”, falou.

A diretora do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho, Lais Abramo abriu os trabalhos ontem (19), com dados do relatório da Agenda do Trabalho Decente. Segundo ela, a OIT tem a meta de trabalhar por políticas que promovam uma melhor formação e inserção dos jovens no mercado de trabalho.

“É necessário que os órgãos governamentais invistam prioritariamente em políticas que reduzam a expulsão dos jovens do sistema educacional”, afirmou. Ela também acrescentou que são importantes políticas que conduzam ao incremento das oportunidades de emprego dos jovens e de sua formação profissional. “Medidas que incentivem a contratação no emprego formal e que promovam a certificação de competências profissionais são fundamentais para combater o desemprego na juventude”, afirmou.

A consultora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Eliane Ribeiro apresentou os dados da pesquisa Juventudes Sul-americana realizada, em parceria com o Instituto Polis, em 2008 e 2009, com 14 mil pessoas da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai. Ela explicou que foram entrevistados jovens e adultos para saber a percepção deles sobre o tema juventude.

“Descobrimos que 60% dos jovens trabalham, mesmo que informalmente. Sendo que 40% dos pesquisados apontaram a violência como uma das maiores preocupações. A educação de baixa qualidade foi apontada por 38% dos entrevistados como uma questão preocupante”, apontou.

Segundo Eliane o curioso da pesquisa é que jovens e adultos estão muito próximos nas opiniões e anseios. “Apesar de toda diversidade todas reivindicações convergem para um ponto comum que é a mais oportunidades de trabalho e melhor educação”, afirmou. Em 2010, a pesquisa será transformada em livro para ser utilizada por todos que se interessam pela temática da juventude.

Troca de experiências
Ao fim das apresentações das pesquisas, os representantes dos países apresentaram suas perspectivas e programas de inclusão voltados para a área. O argentino Pablo Reyner, secretário de juventude do Sindicato dos Trabalhadores Argentinos disse que a situação ocupacional dos jovens em seu país é preocupante. Ele criticou as medidas neoliberais que durante 30 anos prejudicaram os jovens argentinos. “Trabalhamos junto com o governo desde 2003, para criar programas que criem oportunidades laborais para os jovens de nosso país”, afirmou.

Sobre as iniciativas, ele citou o programa Padre Mugica que por meio de ações conjuntas de vários ministérios busca criar oportunidades de para a juventude. “A base do programa é investir em educação e qualificação para que o jovem possa sair da informalidade. Hoje cerca de 600 mil são beneficiados”, disse.

O secretário de juventude do Ministério do Trabalho do Chile, Luis Rusque concordou com o colega argentino que é necessário que a sociedade civil trabalhe em parceria com o governo. “Todas as ações voltadas para a inserção do jovem no mercado de trabalho devem ser feitas em conjunto com todos os ministérios”, ressaltou.

Ele informou que 35% dos jovens estão desempregados e que o problema é mais grave para o jovem que tem menos recursos. Rusque citou como exemplo de iniciativa o programa Lei de Subsídio ao Emprego, que consiste em incentivos financeiros aos empregadores que contratam jovens.

A oficina prossegue nesta sexta-feira (20), com mais debates e trocas de experiências entre os participantes. O evento é promovido pela Reunião Especializada da Juventude do Mercosul (REJ), com apoio da Unesco, do Instituto Nacional de La Juventud (INJU) e da Secretaria Nacional de Juventude.

Por assessoria de Comunicação do Conjuve

Conselho Municipal da Juventude é tema de Audiencia Pública em Governador Valadares.

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Foi realizada no último dia 25 de setembro audiência pública na câmara de vereadores de Governador Valadares para discutir o conselho municipal de juventude. Na ocasião estiveram presentes além dos secretários da administração municipais, o dep. federal Leonardo Monteiro-PT e dezenas de lideranças juvenis da cidade. Com muita descontração e irreverência por mais de 3 horas foram debatidos artigo por artigo da lei que cria o conselho municipal de juventude.

A audiência foi convocada pela vereadora Cida Pereira – PT, a pedido da Coordenadoria de Juventude do município. Tal audiência se vez necessário devido a necessidade de readequar a lei atual que cria o conselho para a realidade do momento tendo em vista que a lei foi aprovada no inicio de 2003 só que a mesma não foi colocada em pratica.

Musica, apresentação de skate e muita animação deram o tom da audiência. Com a câmera tomada, a juventude valadarense deu inicio em grande estilo a retomada das discussões das políticas públicas para a juventude.

Dentro das discussões apresentadas podemos destacar 3 alterações;

Ø Aponta para um conselho deliberativo

Ø Cria o fundo municipal da juventude

Ø A sociedade civil fica com maioria no conselho.

conselho Municipal da Juventude começa a ser realidade em Governador Valadares.

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Após a grande vitoria que foi a aprovação da lei municipal que criou o Conselho Municipal de Juventude da cidade no ano de 2003-2004, e de la pra ca não só a juventude mais a rede dos movimentos sociais terem sidos reprimidos pelo governo tucano, os movimentos volta a ganhar força. Um exemplo disso foi a criação da comissão que tem a responsabilidade de realizar o processo de escolha dos membros da primeira gestão do CMJ da cidade.

A comissão e composta por 12 membros sendo 6 governamentais e 6 da sociedade civil. Em pleno vapor a comissão já esta discultindo a melhor forma de efetivar essa grande consquista da juventude local.

 

Breve mais informações.

Iniciativa de ONG inspira criação de Fundo para a Juventude em Iguatu

O objetivo do Fapj, que já está no seu segundo ano de funcionamento, é apoiar projetos realizados por jovens.

O Instituto Elo Amigo, ONG que trabalha na região Centro-Sul do Ceará, em parceria com outras 67 instituições, mantém hoje o Fundo de Apoio a Projetos de Jovens (Fapj), que ampara projetos nos municípios de Acopiara, Cairús, Jucás, Iguatu, Orós e Quixelô. O objetivo do Fapj, que já está no seu segundo ano de funcionamento, é apoiar projetos realizados por jovens. A experiência serve de inspiração para proposta do Conselho de Juventude de Iguatu, que planeja criar um Fundo Municipal voltado para a juventude.

Através de edital, o Fapj contempla com dois mil reais, jovens com idade entre 16 a 29 anos, em grupo ou sozinhos, que queiram iniciar um projeto de geração de renda ou ação social. Marcos Silva, presidente do Conselho Municipal de Juventude de Iguatu (Comjuve Iguatu) e membro da ONG, afirma que o valor do recurso é pequeno, pois a finalidade do projeto é valorizar ações menores. Os recursos foram adquiridos pela Fundação Kellogg, instituição norte-americana.

Natália Alves Mendes, membro da coordenação do (Fapj), ressalta a importância do projeto pelas mudanças ocorridas. “Muitos jovens querem desenvolver projetos importantes para a comunidade, mas não encontram espaço.” Ela afirma que o Fapj contribuiu para a integração dos grupos formados pela juventude dos seis municípios contemplados pelo projeto. Além disso, Natália destaca a nova perspectiva de vida despertada nos jovens. “O fundo gerou uma oportunidade de mudança de futuro”.

Inspirado nesta iniciativa, o Comjuve planeja incluir o Fundo para Juventude na legislação do município. O órgão, criado pela Secretaria Municipal de Esporte e Juventude de Iguatu há cinco meses, iniciou a campanha “Juventude Já” com o objetivo de estabelecer a lei para a criação do Fundo Municipal de Juventude. A proposta do Comjuve é que a Prefeitura disponibilize recursos para apoiar ações sociais realizadas por jovens.

“Quando uma ação como esta é transformada em política pública, o município tem dois ganhos: um projeto sem prazo definido para acabar e um alcance maior deste em toda a comunidade”, explica Marcos Silva, observando a abrangência e o tempo maior que esta ação pode alcançar.

Marcos ressalta duas mudanças que ele considera significativas nas comunidades onde moram os jovens contemplados pelo Elo Amigo, e que podem ser multiplicadas com o Fundo Municipal. “Houve um avanço na forma como a comunidade vê o jovem. Agora, ele é visto como meio de solução, e não mais como problema”. Outra mudança destacada pelo presidente do Comjuve é no comportamento dos jovens. “Eles se tornaram mais responsáveis quando tiveram que assumir as demandas do projeto, tiveram que tornar o trabalho mais organizado. Nisso nós tivemos um ganho de gestão”, ressalta Marcos Silva.

A “Campanha Juventude Já” está em fase de planejamento. Os jovens do Conselho estão estudando como se faz um projeto de lei, de onde virão os recursos para compor o fundo municipal, em que serão aplicados e quais experiências semelhantes já existem. Tudo isso para criar a proposta que será enviada a Câmara de Vereadores.

Mais informações:

Marcos Silva, presidente do Conselho Municipal de Juventude de Iguatu, (88) 9915-8025/ Natália Alves Mendes, integrante da coordenação do Fundo de Apoio a Projetos de Jovens, (88) 9980-1551

Pelo fim do vestibular

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Li a biografia de Albert Einstein (gosto muito dessa leitura), fiquei impressionado. O autor nos afirma que este pensador foi um mal aluno, desinteressado e para concluir sua faculdade precisou da ajuda dos colegas.Acontece que Einstein desde muito cedo teve a "luz" de sua grande criação e como tal, a escola não estava a seu tempo e não tinha como ajudá-lo. Quando chegou perto do epicentro de sua teoria, sentiu que faltou sua principal ferramenta: a fundamentação matemática. Entrou em tristeza, depressão e por pouco não desistiu de seu propósito. A biografia nos diz que quem o salvou foi um ex-professor e sua esposa que entendia razoavelmente de matemática.

Outro caso interessante é o de Isaac Newton, nascido de sete meses, doentio e de aparência física muito feia (não era nenhum gatinho). Também já entrou na faculdade pensando muito além de seu tempo e como tal, a escola era um tédio. Superou tudo e se tornou num dos cérebros mais venerados em todo o mundo. E o que dizer de Santo Agostinho e sua vida de libidinagem (senhor dá-me a castidade, mas não ainda) até seu convertimento e suas grandes contribuições para a filosofia?

Entendo, defendo e luto muito pela qualidade do ensino. Quando entrei na Ufac, o curso (geografia) não dispunha dos laboratórios elementares para seu funcionamento. E o que dizer do tempo em que os professores que davam aulas nos municípios isolados do Estado, sem biblioteca, sem internet e com uma comunidade acadêmica incipiente para motivar um estudante a fazer um curso superior?

Quer dizer que enquanto a "qualidade" não chegar, todas essas pessoas estarão impedidas de ingressar na faculdade?

O governo do Acre promoveu juntamente com a Ufac a formação de todos os professores da rede estadual urbana e rural e agora também a rede municipal em todos os municípios e sem vestibular. Também negociou a instalação do curso de economia em quinze dos municípios mais pobres do Estado (o Acre tem apenas 22 municípios).

O que pretendo mesmo é uma escola que leve os alunos à motivação! Motivados, o céu é o limite. O que queremos é a capacidade de pensar, criar e inovar. Com esses ingredientes, a "qualidade" será uma realidade ao alcance de muitos.

Diversas universidades estão testando alternativas para inovar na forma de recrutar novos alunos. A federal da Bahia e a UNB já incrementaram algumas novidades interessantes. Uma forma que estar tomando corpo nas UNIFES é o bacharelado por área comum.

Exemplo: a área de ciências da natureza/exatas formam um bacharelado como tronco comum (física, matemática, química, biologia, etc) com duração de 2 ou 3 anos. Ao final o aluno (a) escolhe o curso específico e conclui com a especialização. A Unicamp tem um curso de 2 anos conhecido como ciências da terra (geografia e geologia) depois o aluno escolhe em qual deles se especializa.

O ingresso dos alunos nesse bacharelado se dar por aproveitamento de notas e presença no ensino médio dentro (ainda) da capacidade das vagas oferecidas. As salas de aula foram aumentadas para comportar turmas de 50 alunos, com mini auditórios, vídeo conferências, bibliotecas, internet e outras formas de conhecimento extra sala. Os professores tiveram que reinventar o formato das aulas.

O foco do ensino é na pesquisa individual, ficando a sala de aula para os debates, seminários e apresentação de trabalhos. Ou seja, fazer do ensino uma iniciação científica.

Numa visita que fiz à Universidade de Padova na Itália, pedi para conhecer a sala onde Galileu ministrava suas aulas. Funcionava como nos comícios das campanhas eleitorais que conhecemos hoje: um pequeno palanque de onde ele falava e embaixo os alunos ouviam e certamente também o indagavam. (o curioso é que não vi cadeiras). E olhe que Galileu teve brilhantes alunos e naquelas condições.

Isto me diz que quando a vontade quer, os instrumentos por piores que sejam, só ajudam. Avante! Não é a forma de entrar na faculdade o nosso maior problema, e sim como a gente sai.

Siba Machado é suplente de senador pelo PT-AC e assessor especial do governo do Acre.

O que há de errado com o Projeto Azeredo?

Posted by Túlio Vianna

Uma rápida síntese das críticas que fiz ao Projeto de Lei de Crimes informáticos no debate de sexta-feira com o Sen. Azeredo:

1. Crimes informáticos NÃO são crimes contra a incolumidade pública. Crimes contra a incolumidade pública têm como nota característica a indeterminação do alvo, podendo gerar perigo comum a um número previamente incalculável de pessoas ou coisas não individualmente indeterminadas (Cf. HUNGRIA, v.IX, p.10). São exemplos de crimes contra a incolumidade pública: incêndio (art.250 CP), inundação (art.254 CP), epidemia (art.267 cp), etc. Crimes informáticos são crimes contra a privacidade e devem ser colocados entre os crimes contra a liberdade individual, como por exemplo violação de domicílio (art.150 CP), violação de correspondência (art.151 CP) e divulgação de segredo (art.153 CP).

2. O novo art.285-A proposto pelo projeto Azeredo exige para a tipificação do crime de acesso não autorizado a sistemas computacionais que haja “violação de segurança”, protegendo apenas computadores com “expressa restrição de acesso”, o que NÃO é o caso da maioria dos computadores dos usuários comuns. Se o usuário não manifestar EXPRESSAMENTE sua vedação ao acesso por parte de terceiros (como isso seria feito, não me perguntem…), o crime não existirá.

3. A pena prevista para o acesso não autorizado é de 1 a 3 ANOS de prisão, completamente desproporcional aos demais artigos do Código Penal. Compare-a, por exemplo com a pena da violação de domicílio que é de 1 a 3 MESES. O legislador pune com muito maior rigor a violação de um computador que a violação de um domicílio. Desnecessários maiores comentários.

4. Os arts.285-A, 154-A, 163-A, 339-A trazem um parágrafo único que estabelece um aumento de sexta parte da pena, caso o usuário use nome falso para a prática do crime, o que, por óbvio, inviabilizaria a aplicação da pena mínima já que certamente ninguém será suficientemente tolo a ponto de usar seu nome verdadeiro para a prática de crime.

5. O art.16 define como “dispositivo de comunicação” qualquer meio capaz de processar, armazenar, capturar ou transmitir dados utilizando-se de tecnologias magnéticas, óticas ou qualquer outra tecnologia. São, portanto, dispositivos de comunicação, para o legislador: disco rígido, CD, DVD, pen-drive, etc.  Terrível!

6. O art.21 exige que o o provedor de acesso armazene por 3 anos os dados de endereçamento de origem, hora e data da conexão efetuada, o que, na prática, equivale a inviabilizar completamente a existência de redes wifi abertas, dificultando a inclusão digital e violando a privacidade dos usuários que terão seus dados de conexão à Internet rastreados pelos provedores de acesso, em nítida violação ao art.5º, X, da Constituição da República. Além disso, a medida é ineficaz, pois criminosos experientes poderiam usar técnicas para camuflar seus rastros.

7. A convenção de Budapeste foi criada e pensada na Europa para tutelar os interesses de países ricos que possuem imensa quantidade de produção intelectual protegida pelos direitos autorais. Não há qualquer razão plausível para o Brasil aderir a esta convenção que, por óbvio, não foi encampada por China, Rúsisa, Índia, Argentina e outros países em desenvolvimento.

8. O principal argumento do senador para sustentar a necessidade de aprovação do projeto de lei é o aumento das fraudes bancárias na Internet, o que gera um alto custo para os bancos. Não será vigiando os usuários, porém, que se evitará as fraudes, pois os sistemas de segurança dos bancos são bastante rudimentares e inseguros. Se o problema são as fraudes bancárias, sugeri ao senador que ele propusesse uma lei CIVIL obrigando os bancos a adotarem a assinatura digital como tecnologia de segurança para o acesso a transações bancárias, o que inviabilizaria praticamente 100% das fraudes bancárias de que temos notícia hoje em dia, sem necessidade de qualquer lei penal. Os bancos atualmente não adotam a assinatura digital, pois é mais barato para eles arcarem com os eventuais prejuízos de fraudes de seus clientes do que com os custos da assinatura digital para todos os usuários (claro que, nesta análise econômica, eles desconsideram os transtornos causados aos clientes).

9. Outro argumento do senador em defesa de seu projeto é a “pedofilia na Internet”. Argumentei, no entanto, que o problema da pedofilia não é virtual, mas real e qualquer política séria (e não midiática) de combate a ela deve ser efetivada onde os estupros destas crianças estão ocorrendo. Não se leiloam virgindades de crianças às escondidas, pois evidentemente é necessário o mínimo de publicidade para que os eventuais interessados possam comparecer ao local para dar seus lances. Aliás, basta andar à noite nas ruas das grandes cidades brasileiras, especialmente nas turísticas, para perceber que o combate à pedofilia deve começar nas ruas e não na Internet, pois são lá que as fotos são tiradas. Pedofilia não é um crime informático; é um crime sexual praticado fora da Internet e é lá que ele deve ser combatido.

10 Em síntese, a lei é ineficaz, pois enquanto não for adotada a assinatura digital as fraudes bancárias continuarão acontecendo e enquanto a polícia não for à rua para combater a pedofilia, os estupros de crianças continuarão ocorrendo.  Por outro lado, a lei dificulta a inclusão digital, pois inviabiliza as redes wi-fi abertas e invade a privacidade dos usuários da Internet ao obrigar o armazenamento de seus logs por 3 anos, o que poderia facilmente ser camuflado por um criminoso informático experiente